domingo, 16 de novembro de 2014

Todo dinheiro vem do sol e só salvamos o planeta proibindo o acúmulo de dinheiro


 
Como representação que é, o dinheiro não se pretende uma realidade em si, é antes metáfora de riqueza. Como sabemos por Marx, riqueza é sempre um derivado do trabalho, ou da natureza: riqueza acumulada pela propriedade de um meio de produção, de um conjunto de esforços, da pesca. Quem fez dinheiro com a soja, com seu trabalho de médico, com a exploração do trabalho escravo nas Antilhas, com a venda de pau Brasil ou mogno na Europa, fez sempre seu dinheiro partindo do meio natural, ou do trabalho.

         E neste sentido, o dinheiro representa energia: quando vindo do trabalho, a derivada de um estudo, de um trabalho braçal. Quando vindo do meio natural (pesca, extrativismo, soja), a energia do sol, em última instância. E mesmo a energia do trabalho e do conhecimento deriva dos alimentos, que também traz sua energia acumulada do sol.

         Está certo resumir portanto que todo dinheiro é energia do sol representada: seja pelo trabalho, seja por representar o meio natural, o dinheiro é acúmulo de natureza, uma apropriação do mundo natural que se armazena. O sol é um quanto de sol apropriado, um cercamento de um quanto de energia do qual sinto que possa me apropriar. E guardar, e legar, mesmo que não vá usar diretamente comigo esse tanto.

         O presente colapso climático e ecológico é uma ameaça a sobrevivência e tem suas raízes no modelo de consumo de supérfluos e de uma produção muito sofisticada, voltada para conjuntos grandes de consumidores enriquecidos. O exagero de uso dos meios naturais, além do uso que seria necessário apenas para uma sobrevivência frugal, apenas para atender nossas necessidades básicas, explica a eminente derrocada da vida na terra.

         Apenas extinguindo o conceito de dinheiro será possível brecar o colapso climático. Por ser possível um único indivíduo acumular mais energia e meio natural que consiga usar para atender suas necessidades básicas, o dinheiro é uma imoralidade climática, uma impossibilidade ecológica. Não é sustentável em uma sociedade ameaçada de extinção. Também não é justo que essa extinção decorra da vontade esganada de alguns dos seus membros de se apropriarem de mais insumos naturais e energéticos que possa consumir pra si. O aquecimento global é uma decorrência da vontade de viver nababescamente dos ricos, e dos próximos dos ricos. Estes indivíduos acumuladores de energia devem ser desestimulados a seguirem acumulando mais natureza que o planeta possa produzir, pois seus maus hábitos (ter um carro de mais 100 mil reais) podem significar o fim de todos nós.

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