Leia o livro “Zero - A Biografia de uma Ideia Perigosa” de Charles Seife. É sobre o conceito de zero, um número muito tardiamente incorporado em nosso sistema número, e não sem problemas. Na verdade é um número muito, muito diferente dos demais. Enquanto todos representam algo, ele é o único que representa um não algo.
Lendo o livro, ficamos com a ideia que temos 3 conjuntos numéricos distintos; o dos números, o zero, e o infinito, outra encrenca conceitual.
Na minha opinião, concordo com Bishoe, citado na página 109: o zero é um número pretérito, ou “fantasmas de quantidades desaparecidas”.
Bonita a citação da página 127: “Deus fez os inteiros, tudo o resto é trabalho do homem” Ou a da página 127 (algo retocada, para aumentar o efeito poético): “O zero e o infinito são o mesmo lado de duas moedas”.
Muito bonita a lenda sobre o signo indiano que deu origem ao símbolo até hoje do zero: Uma marca de uma pedra oval na areia; uma marca de uma pedra que já não esta obviamente, rementendo a esse conceito de zero como o único número pretérito.
Na verdade o zero é um número pretérito, ou então é sobre o futuro: nestas 5 cadeiras vazias, ainda não estão nenhum convidado, estão “zero” convidados.
O que temos dificuldade mesmo de entender é que uma quantidade é algo que não existe, é uma particularidade além das maças. Quantidade é uma abstração, não se toca no tres. Existem maças, nunca existiu algo como tres. Assim, não há nada demais, no campo das abstrações, pensar que existiu, e já não existe mais, qualquer quantidade.Podemos ter um mal estar com o conceito de uma quantidade que não é nada (zero), mas apenas se não concordarmos que a quantidade para algo (tres) é tão abstrata quanto o nada. Em outras palavras, tres e zero, ambos são nenhuma maça.
E por ai caminha o livro, mostrando que nada se opõe mais ao conceito de Deus do que o número zero, conceito mal visto pela inquisição. É a conclusão do autor: “Deus é a negação do zero, e vice-versa”.
Adorei. Vou ler o livro.
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